Missão em Barra-BA: “Leva-me aonde os homens necessitem Tuas palavras, necessitem da força de viver”



Barra (BA) - Durante o mês de julho os frades Marcos Schwengber e Gabriel Dellandrea realizaram seu estágio apostólico na região da Diocese de Barra, na Bahia. Sendo assim, foram muitas atividades que puderam realizar: Santas Missões Populares em Buritirama (BA), Santas Missões sobre o Dízimo na Quase-Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Cocal (BA), além de conviver com o confrade Frei Moisés Beserra Lima, o bispo Dom Luiz Flávio Cappio e demais seminaritas e leigos da diocese. E assim os jovens frades descrevem a experiência:

FREI GABRIEL DELLANDREA: “A PROVIDÊNCIA DE DEUS NUNCA FALTOU EM CADA DETALHE”

"Tenho certeza que depois deste mês aqui na Bahia uma coisa eu terei que fazer: lavar o cordão do hábito. Devido a poeira e as crianças que faziam dele uma corda para me puxar, ele está quase da cor do hábito. Mas olhando para o símbolo da penitência onde está gravado o compromisso da minha vida, percebi que esta experiência foi sem igual para confirmar em meu coração os votos evangélicos. Não importa que o cordão esteja sujo. Isso vamos limpando. O melhor que isso representa é que ao olhar pra ele, vi o quanto este estágio foi formativo para perceber o quanto a vida religiosa é viva! E tentarei escrever um pouco de como isso aconteceu. Em relação ao voto de castidade eu percebi a liberdade e a fecundidade da vida religiosa. Eu fui em lugares e conheci pessoas graças a oportunidade de ser "solteiro por causa do Reino de Deus" (Mt 19, 12). E procurei fazer isso por merecer, dedicando amor e carinho àqueles que , devido a vida sofrida do sertão, buscavam em minhas palavras um pouco de esperança. Difícil missão, mas experimentei como Deus capacita aqueles que confiam Nele, colocando em mim palavras que eu nunca imaginava dizer, e ouvindo coisas que foram verdadeiras palavras vivas que ressoaram em meu coração. Além disso, o Senhor me rodeou de crianças, onde pude dar carinho e atenção, muitas vezes ausentes no lar delas pois os pais trabalhavam duro na roça ou estavam separados pela distância Bahia - São Paulo. Em relação ao voto de pobreza, reconheço que ele é fundamental na missão. Cada dia era uma novidade, mas também uma necessidade de desfazer de coisas e assumir a vida do povo bahiano. Sair de si mesmo, não somente no discurso, mas na prática. Visitei casas de irmãos e irmãs onde me recordaram que aquele voto que fiz estava longe de ser pobre. Conhecer histórias de comunidades pobres, mas ricas na união entre católicos e evangélicos que saíram da mesquinharia de brigar para ver com quem estava a verdade para ajudarem-se. Aliás, o sorriso estampado mesmo com a dureza da vida me fizeram perceber que sou ainda burguês, "reclamando de barriga cheia". O voto de obediência foi fundamental para concretizar a experiência que se tornou fantástica. Deixei com que Deus fizesse o que quisesse comigo. É claro que sempre tentei encontrar uma forma de burlar as coisas, fazer do meu jeito, mas Deus me enviou para lugares e conheci pessoas que nunca esperava. Tudo isso por acreditar que Deus conduzia tudo, e perceber que a Providência Dele nunca faltou em cada detalhe. Lembro-me que eu queria ficar numa comunidade com o Marcos durante a semana das Santas Missões em Buritirama. Acabou que não deu certo. Mas eu conheci novos amigos, e percebi que a obediência estava ali, pois fizemos uma excelente experiência, e por dias tínhamos assunto para conversar e partilhar. "Leva-me aonde os homens necessitem Tuas palavras, necessitem da força de viver. Onde falte a esperança, onde tudo seja triste simplesmente por não saber de Ti". Enfim, caro leitor, se quiser ouvir com detalhes o que aconteceu em cada dia, vamos procurar conversar numa oportunidade. Mas recomendo que você conheça a Bahia, não somente como turista (as paisagens são de tirar o fôlego), mas como missionário, vendo a realidade de uma igreja viva, mesmo ainda com dificuldade de acertar o Sinal da Cruz. Se eu tiver oportunidade, gostaria de vir junto!"

FREI MARCOS SCHWENGBER: "AO SERMOS ENVIADOS EM MISSÃO, SOMOS APENAS INSTRUMENTOS DO ESPÍRITO SANTO E NÃO AGIMOS POR NÓS MESMOS"

“Do dia 11 ao dia 16 de julho, fiz uma experiência incrível de missão em Buritirama, na Bahia. Foram seis dias que serão inesquecíveis. Fui com mais dois missionários (Maria Margarida -SC e Zezinho - BA) numa comunidade bem afastada da cidade, quase na divisa com Piauí. Quando cheguei, o povo não sabia o que era um frei, mas sabiam quem era São Francisco de Assis - e assim que me chamavam às vezes, ou de “francisquinho”. Uma das coisas que mais me marcaram nesta missão foi ver crianças levantando às 5h para rezar o terço e dar um abraço nos missionários (e  no freio (eu) - invenção da criançada rs) e depois ir à escola (isso quando não choravam porquê queriam ficar com os missionários). Para eles era tudo novo, assim como estava sendo para mim. Às vezes era uma puxando o cordão, outra no colo e outra segurando nem que fosse um dedo, mas queria ficar perto. Não há palavra que descreva tamanha felicidade e gratidão que tive por participar dessas missões. Ademais, quando chegávamos em uma casa para visitar, éramos acolhidos com um sorriso e com quase a mesma fala: "Vai um cafezinho?" E na partida: "Mas é cedo, frei". E muitos acabavam deixando suas casas para nos seguir, tornando-se missionários também. Não andamos sozinhos sequer um metro. Quem quer ser missionário, tenha certeza de que a Bahia é uma boa opção. Não tenha medo de vir, pois garanto que à missão, não vamos sozinhos, pois ao sermos enviados em missão, "somos apenas instrumentos do Espírito Santo e não agimos por nós mesmos" (assim nos disse Dom Cappio ao nos enviar em missão). Confesso que até eu me surpreendia com algumas coisas que eu falava e fazia. Só podia ser o Espírito Santo! A terra de missão está bem perto de nós. O povo tem Missa uma vez ao ano naquela comunidade e não tem catequese, mas tem sede de Deus e aprende rápido o que é ensinado. Lá não tinha igreja. Celebrávamos em frente de uma casa com um pátio grande. Doeu o coração quando, ao partir, uma senhora me disse assim: "Frei, fica para nos ensinar..." Mas tive que partir. E o povo assim cantou: "Só nas santas missões nós temos, uma festa bonita assim, um começo de lá do céu, onde a festa não tem mais fim". Obrigado, Deus, por esta experiência. Que Deus abençoe aquele povo.
 
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