"Na casa de meu Pai há muitas moradas" (Jo 14, 2)
Exultantes de alegria, celebramos neste dia 15 de agosto a Festa do nosso Patrono São Boaventura. Oficialmente sua festa é no dia 15 de julho, mas por ocasião dos estágios, conforme a tradição, em nossa casa, a Festa é transferida para o mês seguinte. A celebração foi presidida por Frei João Mannes, guardião da fraternidade, e concelebrada por Frei Gamaliel Devigili, Frei Fábio Gomes e frei Guido Scheidt. Além dos frades estudantes, estavam os funcionários da casa e algumas Irmãs Franciscanas de São José.
Na homilia, Frei João Mannes ressaltou que “celebrar São Boaventura é muito mais do que relembrar o Santo franciscano, o Doutor Seráfico ou o grande teólogo da Igreja, mas é também fazer memória deste homem que foi e continua sendo para nós hoje, um exemplo fiel de discípulo de Jesus Cristo, fazendo como São Francisco de Assis”.
A celebração teve também um sentido todo especial: A ação de Deus nestes trinta anos de história do Convento e do Instituto São Boaventura. Afinal, de 1983 até os dias de hoje, muitas foram as conquistas e experiências do amor de Deus feita aqui, onde o próprio Altíssimo “armou sua tenda”. Por tudo isso, damos graças a Deus! Não deixemos de rezar por tantos frades e irmãs que deram suas vidas na construção dessa história, tanto os vivos como os que já partiram para a casa do Pai.
Após a celebração tivemos um caloroso convívio fraterno e festivo almoço. Juntaram-se a nós alguns confrades do Convento Bom Jesus – Curitiba e também do (nome da fraternidade), que fazem parte do nosso Regional e contribuem direta ou indiretamente com a construção dessa história e com a nossa formação.
Após a Missa, Frei Guido concedeu uma entrevista, partilhando um pouco da sua história vivida aqui neste convento. Afinal, foram os primeiros dez anos desta nova fraternidade (1983 a 1989 – mestre / 1989 a 1992 – guardião).
Contou-nos que “a primeira surpresa foi ter sido nomeado como mestre pelo Governo Provincial. Em conversa com Frei Basílio Prim, Ministro Provincial, reconheceu seu despreparo. Para ajuda-lo nessa missão, o Governo Provincial indicou-o para fazer um curso para formadores no Rio de Janeiro, conhecido como CETESP. Depois de três meses neste curso, com mais de trinta professores, disse ao Provincial que não foi muito bom. A alternativa encontrada por frei Basílio foi enviá-lo para os EUA com intuito de continuar seus estudos para ser mestre”.
Como bem sabemos os primeiros anos após o noviciado é de crucial importância na construção do ser religioso, é tempo conhecido como pós-noviciado, onde o frade vive a experiência da profissão temporária e caminha também para uma decisão por todo o tempo da sua vida. Sobre isso, Frei Guido disse que “naquela época, ainda tinha um diferencial, pois a profissão solene era feita ao término do Curso de Filosofia e não dá para negar que deixava os mestres apreensivos para aprovação dos votos perpétuos”.
Desta forma, em três anos era preciso ter claro se o frade estudante tinha condições suficientes para esse importante passo. Dentro dos três anos o estudante tinha que mostrar que queria mesmo continuar sendo Frade. “O bom é que a fraternidade era muito concisa e caminhávamos todos juntos”.
Quanto ao projeto arquitetônico da casa, um fator interessante a de se destacar, “era o objetivo de dar outra visão em relação à estrutura do convento. A casa foi construída em módulos, não como os conventos conhecidos até então. Isso tinha o objetivo de inserir os frades em uma realidade que seria vivida após a formação inicial, as pequenas fraternidades. Isso era, e ainda é, bastante formativo”.
Sobre a importância do Curso da Filosofia como parte do processo formativo, afirmou que “A Filosofia é fundamental e essencial, pois dá a capacidade de pensar, de refletir e em qualquer situação é possível criar uma dinâmica pessoal. Com a Filosofia a gente aprende a pensar e fundamentar aquilo que pensamos”.
Olhando para trás e percebendo que esse mesmo projeto que há 30 anos respondia às exigências da época ainda respondem as de hoje, Frei Guido disse que se sente feliz, e “é uma alegria, sobretudo porque estou dentro da Associação Franciscana e o curso de filosofia praticamente foi incorporado na estrutura da FAE. Isso é uma realidade bem concreta e atualizada, pois o frade estudante não fica isolado e nem perde esse contato com a natureza e com o silêncio. É uma alegria perceber que a coisa está dando certo e vai continuar dando certo”.
Eis, portanto, os primeiros trinta anos de história. Que São Boaventura seja o modelo de Vida Evangélica para os frades estudantes que por aqui passarem, assim como é para os que estão e foi para os que já passaram. Por tudo, bendigamos ao Senhor!