
O POVO QUE CAMINHAVA NAS TREVAS VIU UMA GRADE LUZ
Sobre os que habitavam na terra da sombra uma luz resplandeceu. Multiplicaste sua alegria, aumentaste seu júbilo. (Is 9, 1-2)
Caríssimos irmãos e amigos da Família franciscana, O Senhor vos dê Sua paz!
Com sentimentos de intensa alegria, desejo fazer-vos chegar meus melhores votos pelo Natal e Ano Novo! Vivemos num momento da história em que nuvens ameaçadoras ofuscam o horizonte todo, trazendo consigo enormes sofrimentos e inseguranças. A crise que nossos irmãos e irmãs, obrigados a fugir de seus países de origem, estão vivendo – são mais de 65 milhões – revela a profundidade do sofrimento humano e a hostilidade que as pessoas opõem ao acolhimento e à compaixão. Isso acontece, sobretudo, em regiões do Oriente Médio, da África, da Ásia e da Europa. Não podemos fugir nem nos eximir de pedidos que a humanidade e nossa fé nos colocam. Nem podemos eludir nossa responsabilidade que nos impõe mudar nosso estilo de vida, a fim de que nossa Mãe Terra, Casa Comum, seja respeitada e defendida. A Encarnação convida-nos a abrir as portas de nosso coração e de nossas Fraternidades, mostrando recursos de justiça e caridade para com cada ser vivo. Nessa maneira, queremos acolher o Menino de Belém, a luz do mundo: Jesus.
E, agora, desejo compartilhar convosco a carta que recebi de uma família que vive em Aleppo e que, apesar de sofrer muitíssimo por causa da guerra e da violência, continua desejando vida, amor, esperança e estrelas, que ainda brilham claras no céu do Oriente.
Somos Toni, Roula e Edma. Somos uma família cristã, nascida em Aleppo, que se compõe de pai, mãe e jovem filha. Há mais de cinco anos, desde o início desta guerra, nossa condição mudou totalmente. Vivíamos na prosperidade, na paz e tranquilidade… Agora, infelizmente, vivemos no terror, na amargura e em meio a uma guerra que atinge a cada um de nós de perto. Além da falta de água potável, energia elétrica e tratamentos médicos, o que mais nos aflige são os mísseis que caem sobre nossas casas, sobre os hospitais, sobre as escolas…
Por três vezes tivemos que mudar de casa porque destruída por mísseis; fugimos duma casa a outra e ainda a outra, a qual tivemos que abandonar de novo. Na terceira vez, havíamos apenas nos transferido quando mísseis nos alcançaram novamente… minha filha escapou da morte somente por milagre. Encontramos uma casa semidestruída, que tivemos que consertar... Nessa situação, nós nos sentimos como a Sagrada Família, como José e Maria, grávida, que iam de casa em casa, em Belém, sem encontrar a quem os acolhesse. Eis, exatamente nessas circunstâncias muito difíceis, a Igreja, nossa Mãe, veio ao nosso encontro, revelando-se próxima a todos. Através de apoio e socorro, tivemos a experiência de sermos amados e receber um ajuda concreta.
Como a Família de Nazaré, nos sentimos acolhidos na igreja de Aleppo, um lugar pobre e sem enfeite, mas que sabe abraçar, defender e oferecer refúgio… O acolhimento caloroso e o socorro rápido fizeram com que encontrássemos paz e nos fizesse vir, como no caso da Sagrada Família, o melhor de nós mesmos: Jesus.
Volto-me à pequena Gruta, a grande Família Cristã espalhada por todo o mundo, pobre de poder e de armas, porém forte e rica em Seu Senhor... Dirijo-me a todas as famílias de todo o mundo… A todos vós, cristãos… Desejando-vos um Santo Natal e um bom Ano Novo. Que nenhuma família, que nenhuma pessoa experimente jamais a guerra que nós estamos experimentando, mas que cada família e cada pessoa possa experimentar a beleza, a alegria e a paz de ser acolhida, amada e ajudada, como o experimentamos nós.
(Família da Paróquia S. Francisco, Aleppo, Síria)
Demos graças a Deus pelo testemunho de fé, de esperança e de amor que Toni, Roula e Edmai estão vivendo. Elevemos nossa voz em oração unânime pelos inumeráveis, milhares irmãos e irmãs, que tiveram e ainda devem abandonar a própria casa e o próprio país e que estão procurando um lugar acolhedor, no qual podem reencontrar a própria dignidade, um lugar pacífico, onde podem participar da construção de um futuro sem injustiças, sem guerras, sem mais sofrimentos, sem mais ameaças à nossa Casa Comum.
“Pois uma criança nasceu para nós, um filho nos foi dado. A soberania repousa sobre seus ombros. E é chamado: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz.” (Is 9, 5)
Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Roma, 22 de dezembro de 2016 Aniversário da morte de S. Francesca Saverio Cabrini, Padroeira dos emigrantes
Frei Michael A. Perry, OFM
Ministro Geral e Servo
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